my mad fat diary

by livraisse

Neste fim de semana eu resolvi ver My Mad Fat Diary. Acho que não é uma coisa nova pra muitas pessoas, afinal, a série iniciada no começo do ano passado se tornou um fenômeno na Inglaterra e no resto do mundo. Eu ouvi muitas vezes as pessoas falando sobre essa série e dizendo o quão boa ela era, mas eu não sou de ir atrás por isso, pela opinião de pessoas que não importam pra mim, até que uma das pessoas que eu mais admiro no mundo me apresentou. E me apresentou formalmente. Me interessei pela série e baixei a primeira temporada (mas só tem duas, vá com calma).

A série é baseada nos diários de Rae Earl que foram adaptados para a tv. A história se passa em 1996, quando Rae tinha dezesseis anos e as coisas pareciam sérias e pesadas demais para ela conseguir lidar. Já começa com a Rae saindo do hospital psiquiátrico depois de quatro meses internada por tentativa de suicídio. Rae é gorda, com uma autoestima baixíssima e um alvo fácil para os adolescentes cruéis da escola que nunca a deixam em paz.

No entanto, assim que sai do hospital, ela reencontra uma velha amiga, Chloe, que aparentemente é perfeita e não tem problema algum. Depois de umas mentirinhas sobre umas férias longas na França, Chloe a apresenta para a gangue. Izzy, que se mostra uma fofura em pessoa; Chop, descontraído e sempre pra cima; Finn, bonitinho mas mal-humorado e Archie, que com todo seu estilo geek acaba virando “alvo” sexual de Rae. E ela, totalmente amável e uma típica jovem, pode ser egoísta e às vezes não sabe como lidar com a mãe (que acaba de arranjar um novo marido). Com receio de enfrentar o mundo fora da ala psiquiátrica, Rae vive voltando ao hospital para se encontrar com Tix, sua amiga com distúrbios alimentares, e Danny. E logo começa a terapia com Kester (que se mostra um amigo e tanto), que tenta a ajudar a entender o que aconteceu durante esses meses em que ficou longe e – mais importante – tenta fazer com que ela se aceite como é.

Creio que a maioria das pessoas já ouviram alguém falando que as pessoas deveriam fazer o que está no seu alcance para se sentirem bens, mas sentir-se bem é realmente se esforçar para se encaixar? Não deveríamos aceitar o que somos e esperar que isso fosse o suficiente? Porque eu tenho que dizer, Rae, do jeitinho que ela é, é o suficiente. Há milhares de pessoas no ouvido dela falando o que ela deve ou não fazer, ou quem vai ou não notar ela, mas ela não é isso. Ela nunca foi essa pele.

A série trata, sim, de assuntos sérios como bullying, gravidez na adolescência, autoflagelação e distúrbios alimentares, tudo isso visto com um olhar adolescente e com o conforto que ter amigos traz quando passamos por algo assim. Tudo isso acompanhado por uma trilha sonora magnífica.

 A partir daqui contém spoilers.

Rae se apaixonando lentamente por Finn. Se apaixonando, e não desejando. Porque, devo dizer, quem é que não o desejaria? Mas não é isso, não é essa parte. É o fato de existir Rae & Finn. O casal que julgam improvável, impossível por serem diferentes fisicamente, por carregarem um monte de preconceito numa coisa tão linda como o amor, assim como fazem com Archie quando ele se assume gay. Esse monte de preconceitos horríveis e impondo a você o que você não é, fazendo você se sentir como se não valesse a pena.

Mas temos o Finn, e desde a cena em que ele foi à casa dela de moto, eu fiquei caída por ele, mas o primeiro beijo ou o dia em que eles ficaram trancados no banheiro e todas as coisas maravilhosas que o Finn diz – AQUELE DIA! – e todos e quaisquer outros momentos em que o Finn não se importou com o que fossem dizer, se importou com Rae e com o amor que nutriu por ela. Eu sempre me apaixono por personagens, é inevitável, mas esse é o tipo de personagem que todos deveriam ter um dia consigo. Ele tenta lembrar a Rae de que ele a ama do jeito que ela é, mas às vezes é difícil aceitar algo bom quando achamos que merecemos o pior, quando o mundo diz que você não é bom pr’aquilo. Com a ajuda de Kester, Rae consegue ver a garotinha indefesa de dez anos que ela machuca quando se machuca, que ela ofende quando ela decide ouvir os outros dizendo que não vale nada. E, de uma forma estranha, a ajuda lembrar que vale à pena e, que é, sim, uma obra de arte. 

E esse é um trabalho diário, aceitar-se, deixar de ouvir – por mais alto que seja – o mundo hostil e começar a ouvir as pessoas que têm amor por você. Se confortar e conseguir enxergar o brilho por trás do seu corpo.

my mad fat diary // soundtrack

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